Há coisas que me fazem bem ao corpo e à alma. Em extremos opostos, uma é o pilates e outra é a corrida. Ontem foi dia grande, com direito à primeira e à segunda.
Sempre que posso, a hora de almoço das quartas-feiras é passado com a minha querida Maria Ana e os seus exercícios de respiração, alongamento e massacre ao transverso. Tudo por umas costas sem dores e uma barriga mais lisa (ok, não passam de aspirações). Ontem ela estava endiabrada de todo e fez de nós verdadeiras contorcionistas. Ora estica daqui, ora encolhe a barriga dali, ora puxa a perna para ali, ora o braço para lá! Uma tortura só compensada pelos 5 cm que cresci naquela aula e a sensação de me deslocar sobre nuvens durante o resto da tarde.
Não satisfeita, ao final do dia fui correr. Para evitar desistências de última hora, enganei-me a mim mesma. Evitei olhar pela janela (e constatar o óbvio de ser noite escura), equipei-me no escritório e sai já sem escapatória... No carro ainda pensei em desistir. Mas, a vergonha de chegar a casa equipada e fresca que nem uma alface, fez-me seguir em frente. Dizem que sou obstinada e eu confirmo!
Foi a minha primeira corrida depois da prova. Quase como um "apesar de já ter superado limites, vou continuar. Por mim." E soube bem, mesmo bem!
Hoje é dia de Halloween no colégio dos miúdos. Quase como Carnaval, mas na versão bruxas, vampiros e carrascos. Os lá de casa foram mascarados q.b., ele em tons de preto e com uns dentes de vampiro, ela com um fato de bruxa improvisado, um chapéu e umas unhas pretas maiores que os próprios dedos.
Adoro levar os miúdos ao colégio nestes dias. É delicioso ver a alegria das crianças por estarem mascaradas, por sairem da rotina e por ser dia de ateliers, ou seja, escola em versão férias.
Para grande pena minha não tirei fotografias, mas deixo-vos aqui alguns freebies de Halloween caso queiram usar para decorar a casa:
São cerca de 10,5 quilómetros em linha recta no eixo Terreiro do Paço – Av. Infante D. Henrique, com início e fim na Praça do Comércio e retorno na rotunda 25 de Abril, no Poço do Bispo. A única subida é a da ponte de Santa Apolónia, logo no início da prova e, novamente, no regresso, já próximo da meta. Desinteressante no que se refere a paisagem, mas, sem dúvida, uma boa prova para uma estreante como eu.
Como em tudo, a primeira prova tem um gosto especial. E o desconhecimento de quem não sabe ao que vai. Mas, o Nuno sabia e optou por me acompanhar, ou não fosse ele companheiro de viagem. O tiro da partida ouviu-se ao longe e, movidos pela multidão, começámos a correr alguns instantes mais tarde. Os primeiros três quilómetros foram difíceis. Os nervos tomaram conta de mim e com eles uma moinha junto às costelas, também conhecida por dor de burro (ou burra, neste caso). Nem mesmo a playlist que me acompanha sempre conseguiu dar aquele push de energia. "Respira fundo, tão devagar quanto conseguires" dizia o Nuno. E eu respirava. Qual grávida em trabalho de parto. Mas nada! A dita continuava por lá. A certa altura habituei-me a ela e, distraída com os corredores que vinham em sentido contrário, fui avançando, ao meu ritmo, à minha passada, passada lenta de quem respeita todos os quilómetros que ainda tem pela frente. O marco seguinte foi a subida da ponte de Santa Apolónia. Não são mais do que 100 m, mas, depois de 8 quilómetros a correr, assusta... "Ajuda com os braços" disse o Nuno. Eu obedeci e cheguei ao topo da ponte, ou do mundo como na canção.
Depois veio a descida. Descer nunca foi o meu forte. Faz-me doer os joelhos e prefiro controlar a passada. Por nós passaram vários corredores, aproveitando o balanço e a ajuda dos santos. Não desanimei. A moinha tinha finalmente desaparecido. No seu lugar, a música que me dá toda a energia que preciso. E acelerei. Como acelero sempre que ouço esta música. Ao longe, começou a vislumbrar-se a meta. A música cada vez mais alta. As pernas a responder. Em frente, sempre em frente. E chegámos, 1:04:36 depois chegámos ao local de partida! No peito o sentimento bom de missão cumprida. Na cara o mapa mundo pintalgado em tons de encarnado.
Para dias como o de ontem, a melhor terapia é uma noite de sono. Cansadas de esperar, as nuvens carregadas que pairam sobre a minha cabeça seguem o seu caminho e eu acordo (praticamente) nova. Hoje é sexta-feira e amanhã é dia de ultrapassar limites. Uma combinação deliciosa para começar o dia muito mais bem disposta. Segunda-feira retomo as “viagens na minha terra” por isso há que aproveitar estes dias que me sobram até lá. Boa sexta-feira, bom fim-de-semana!